Política de Comunicação na Segurança Pública


Não é preciso ser técnico da área de comunicação para entender algumas dinâmicas que estão relacionadas à política de informação adotada em uma organização. Nas instituições públicas, que devem satisfações e transparência à sociedade, duas posturas básicas estão à disposição: a proatividade ou a reatividade. Em temas tensos como a segurança pública, os governos precisam ter ainda mais capricho em sua política de comunicação, sob pena de ter atrapalhado seu planejamento (se ele existir) e desfeitas suas pretensões.


Comunicação Reativa

A política de comunicação que podemos chamar (não tecnicamente) de reativa nas organizações policiais funciona respondendo às demandas que as mídias impõem, mas não diretamente. Geralmente a repercussão na imprensa é o primeiro passo para a reformulação dum planejamento, pois os governos atuam pautados no que é disseminado pela opinião pública (em todo o mundo). Quando um fato negativo toma conta dos noticiários, os gestores são obrigados a improvisar uma resposta que contenha o “incêndio”:
Exemplo: Digamos que um crime ou outro problema de desordem/insegurança tenha ocorrido, e que a polícia, geralmente primeira a saber, passe a esconder o fato. É inevitável que o ocorrido ganhe notoriedade (principalmente nos tempos atuais de internet e digitalização do cotidiano). Os efeitos serão devastadores, o improviso será inevitável, as respostas terão a já conhecida falta de essência.

Comunicação Proativa


Neste caso, os gestores não abrem mão da soberania institucional de divulgar fatos verdadeiros, mesmo que negativos. De posse da notícia, logo se deve traçar medidas de redução de danos e planejar a longo prazo modos de sancionar o problema. Assim, a imprensa ficará sabendo dos fatos já com o planejamento de ações, que não poderão deixar de ser executadas, pois falácias têm prazo de validade:
O recém empossado secretário de segurança da Bahia, no último domingo, deu uma entrevista ao jornal Correio, e, dentre outras verdades, disse o seguinte:
“O índice de homicídios na Bahia e, principalmente, em Salvador e sua Região Metropolitana, é muito alto; a capital baiana tem áreas controladas pelo narcotráfico; a maior facção do crime organizado de São Paulo tem ramificações no estado e é a principal fornecedora de drogas para os traficantes locais, inclusive de outras facções.”
Leia toda a entrevista!
Na mesma entrevista, são elencadas medidas projetadas para diminuição dos problemas. Sem fazer julgamento da eficácia das medidas, devemos observar que a política de comunicação utilizada é proativa, impede especulações da imprensa, mostra que a secretaria sabe que os erros existem, e que possui medidas planejadas para atuar. De novo: falácias não são admitidas aqui.
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Em vez de se esforçar em esconder os fatos negativos, os gestores de segurança devem democratizar seus desafios, apontando tendências de soluções dos problemas, deixando, assim, a imprensa e demais comunicadores no papel de ouvintes e possíveis colaboradores. Naturalmente, existirão sempre momentos em que a informação chegará inusitadamente, mas deve-se atuar para que isso não ocorra.
Deixar que as mídias pautem a segurança pública, impondo improvisos, é uma lástima, pois é a segurança pública que deve se colocar voluntariamente na agenda da mídia. Comunicação, antes de tudo, é uma questão de planejamento.

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