Em Splice - A Nova Espécie (2009), Adrien Brody e Sarah Polley fazem dois cientistas pagos por uma empresa farmacêutica para testar cruzamentos genéticos e gerar organismos proteicos, capazes de fornecer possíveis curas para as doenças que ainda nos afligem. Os dois acabam brincando de Deus, misturando DNA humano com animal. O resultado é Dren, uma criatura humanoide com traços reptilianos que cresce perigosamente rápido.
Em entrevista ao Omelete, o diretor Vincenzo Natali falou dos dez anos que levou para realizar a ficção científica de horror, enquanto aguardava a evolução da indústria dos efeitos visuais. Parece um preciosismo besta para um filme B, mas justamente por estar fazendo um filme B é que Natali dá tanta importância à criatura.
Todo B que se preza tem algum elemento de cautionary tale, de história feita para servir de aviso. Em Splice, a partir do momento em que os cientistas vão contra seus princípios, ficamos isentos de nos identificar com eles. "Existem as considerações morais!", reclama Brody, no primeiro dos muitos arroubos risíveis de consciência dos cientistas ao longo do filme, como se a cada deslize ético eles precisassem sublinhar que aquele é um deslize ético mesmo.
O que conta em Splice - e nos horrores B moralistas, "de aviso" - é o castigo. É aí que entra Dren, a criatura, que a cada estágio da sua evolução vai expondo de maneiras diferentes a miséria de espírito dos cientistas. Natali, já dentro da tradição do terrir, intervala o sadismo com comicidade. Enquanto Dren devora animais e sorri para a câmera, Polley revisita o quarto onde cresceu, um verdadeiro chiqueiro. Uma floresce vistosamente e a outra involui.
A cena principal de Splice, embora seja um chavão do horror sádico, é indispensável: quando a plateia da apresentação científica é banhada de sangue. É uma carta de intenções de Natali, para quem a trama e o filme se movem não com base no imprevisível e sim na catarse esperada. A evolução final de Dren, por exemplo, já fica meio evidente na metade do filme. Não é uma questão de entregar a surpresa antes da hora, mas de criar no espectador a perspectiva de um desfecho específico.
Splice não reinventa a roda, essa talvez nem seja a sua intenção. Natali joga com clicheria de ficção científica - "nerd" e seus acrônimos, o fã de música pesada... - e parece à vontade entre esses elementos manjados. Numa época em que os filmes de ficção científica querem parecer mais inteligentes do que são, ter alguém fazendo o feijão com arroz a contento é sempre bom. Às vezes você só precisa de uma criatura bem desenhada que fique estilosa sob a luz da lua.
Em entrevista ao Omelete, o diretor Vincenzo Natali falou dos dez anos que levou para realizar a ficção científica de horror, enquanto aguardava a evolução da indústria dos efeitos visuais. Parece um preciosismo besta para um filme B, mas justamente por estar fazendo um filme B é que Natali dá tanta importância à criatura.
Todo B que se preza tem algum elemento de cautionary tale, de história feita para servir de aviso. Em Splice, a partir do momento em que os cientistas vão contra seus princípios, ficamos isentos de nos identificar com eles. "Existem as considerações morais!", reclama Brody, no primeiro dos muitos arroubos risíveis de consciência dos cientistas ao longo do filme, como se a cada deslize ético eles precisassem sublinhar que aquele é um deslize ético mesmo.
O que conta em Splice - e nos horrores B moralistas, "de aviso" - é o castigo. É aí que entra Dren, a criatura, que a cada estágio da sua evolução vai expondo de maneiras diferentes a miséria de espírito dos cientistas. Natali, já dentro da tradição do terrir, intervala o sadismo com comicidade. Enquanto Dren devora animais e sorri para a câmera, Polley revisita o quarto onde cresceu, um verdadeiro chiqueiro. Uma floresce vistosamente e a outra involui.
A cena principal de Splice, embora seja um chavão do horror sádico, é indispensável: quando a plateia da apresentação científica é banhada de sangue. É uma carta de intenções de Natali, para quem a trama e o filme se movem não com base no imprevisível e sim na catarse esperada. A evolução final de Dren, por exemplo, já fica meio evidente na metade do filme. Não é uma questão de entregar a surpresa antes da hora, mas de criar no espectador a perspectiva de um desfecho específico.
Splice não reinventa a roda, essa talvez nem seja a sua intenção. Natali joga com clicheria de ficção científica - "nerd" e seus acrônimos, o fã de música pesada... - e parece à vontade entre esses elementos manjados. Numa época em que os filmes de ficção científica querem parecer mais inteligentes do que são, ter alguém fazendo o feijão com arroz a contento é sempre bom. Às vezes você só precisa de uma criatura bem desenhada que fique estilosa sob a luz da lua.
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