ALGUNS MODOS DE VER E CONCEBER O ENSINO DA MATEMÁTICA NO BRASIL

A tríade aluno-professor-saber é hoje reconhecida como um dos principais projetos de investigações da chamada Educação Matemática. E por essa relação poder alcançar formas, e característica tão diferentes, o melhor modo de se ensinar a matemática é visto de por diferentes ângulos, e por isso foram surgindo “Modelos” de ensino, que por nós será chamada de tendências, e essa tendências será o nosso objeto de estudo agora.


RESUMO SOBRE AS TENDÊNCIAS:

Existem várias tendências já definidas, e outras que ainda estão se formando, a partir de agora vamos ver o que cada desses “modelos” nos propõe.

1ª - Tendência Formalista Clássica:
Caracterizada e pelo ensino da matemática clássica, sobretudo o modelo Euclidiano e a concepção Platônica que usa sistematização lógica do conhecimento matemático, a partir de definições, axiomas, postulados que expressam os teoremas e corolários.

Elementos Primitivos | Sistematização
Definições, axiomas e postulados. | Teoremas e corolários

Caracteriza-se também pela concepção platônica da preexistência do conhecimento (inclusive o matemático), como se esse não fosse construído pelo homem, e sim apenas “acordado” dentro dele (o aluno como uma folha de papel em branco).

2ª - Tendência empírico-ativista:
Os métodos de ensino consistem nas atividades, com rico material de trabalho, que permitem a realização de experimentos e jogos. Continua a acreditar que as idéias matemáticas são obtidas por descobertas. O conhecimento matemático emerge do mundo físico e é extraído pelo homem através dos sentidos (interatividade do objeto de estudo, no caso a matemática e o estudante).

3ª - Tendência Formalista Moderna:
A matemática escolar perde tanto o seu papel de formadora da “disciplina mental” côo o seu caráter pragmático de ferramenta para resolução de problemas. Passa a se enfatizar a dimensão formativa sobre outras perspectivas: mais importante que a aprendizagem de conceitos, são as aplicações do que se estuda em matemática (ou seja, passa a se valorizar mais as aplicações, do que o aprendizado).
Na verdade, essa proposta de ensino parece visar não à formação do cidadão em si, mais a formação do especialista em matemática.
A tendência moderna procurava os desdobramentos lógicos-estruturais das idéias matemáticas, tomando por base não à construção histórica e cultural desse conteúdo, e sim a sua unidade e estruturação algébrica mais atual, possibilitando a melhoria da “qualidade” de ensino da matemática.

4ª - Tendência tecnicista e suas variações:
O modo de se conceber a matemática, pode ser percebida nos manuais, que se restringem a treinos de habilidades estritamente técnica, ou em áreas específicas. Formada pelos passos seqüenciais em forma de instrução programada, onde o aluno deve realizar exaustivamente uma ação (Ex: séries de exercícios) seguindo um modelo previamente estabelecido.
A pedagogia tecnicista não se centra no professo como as outras duas já citadas, e nem nos alunos. Ela tem por base a mecanização das ações, para uma um melhor desempenho de uma atividade.
Junto com essa visão do ensino matemático, surge a matemática aplicada por áreas, tipo, matemática aplicada à engenharia, computação e etc.

5ª - Tendência construtivista:
A epistemologia genética peajetiana passa, então, a influenciar fortemente nas inovações do ensino da Matemática. Trouxe maior embasamento teórico para a iniciação ao estudo da matemática, substituindo a prática mecânica por uma prática pedagógica que visa com o auxilio de matérias concretos, à construção das estruturas do pensamento lógico-matemático.
O pólo decisório dos processos de aprendizagem está no aluno então na figura do professo. Nega também a teoria empirista que sustenta que o conhecimento só é possível mediante os recursos da experiência e dos sentidos. Isto é, o mundo físico seria a fonte do conhecimento matemático, e não o sujeito reflexivo.
O conhecimento matemático é vista como uma obra que resulta da interação dinâmica do homem com o meio que o envolve.

6ª - Tendência socioetnocultural:
É voltada aos aspectos sócio-culturais da Educação Matemática.
Solucionar as contradições existentes entra a “aprendizagem” da matemática na escola e as soluções buscadas pelo indivíduo no cotidiano, dentro de contextos relacionados à vida, ao trabalho.
No âmbito das idéias pedagógicas, esta tendência apóia-se em Paulo Freire. No âmbito da Educação Matemática, tem-se apoiado na etnomatemática que tem em Ubiratam D’Ambrósio seu principal idealizador.

QUAL TENDÊNCIA ESCOLHER?

È desejável que o professor tome conhecimento de todas as diversidades de concepções, ideologias sobre o ensino da matemática, para a partir daí criar sua maneira própria de lidar com essa questão: “Como ensinar a matemática?”. Dessa forma a não existe uma tendência melhor que outra, o que existem são pré-disposição de um indivíduo A ou B se encaixar nelas. Outro ponto importante é o que essas tendências não foram vividas cada uma em sua época, elas coexistem.
É nesse processo de aprendizagem contínua, que o professor produz novos significados, produz uma visão própria. Apropria-se criticamente da contribuição de cada uma, sem se encaixar completamente nelas.
Também é bom salientarmos que sempre estão a aparecer novos “modelos”, e atualmente temos duas novas correntes surgindo, a histórico-crítico, e o sociointeracionista-semântica.
  • Tendência histórico-crítica: Diz que a matemática não pode ser concebida como um saber acabado, e sim com como um saber vivo, dinâmico que historicamente vem sendo construído, atendendo a estímulos externos (necessidades sociais) e internos (necessidades teóricas de ampliação de conceitos). Esse processo de construção foi longo e tortuoso. É obra de várias culturas e milhares de homens que movidos pelas necessidades concretas, construíram coletivamente a Matemática que conhecemos hoje.
  • Tendência sociointeracionista-semântica: Toma como suporte a teoria de Vygotsky, o qual coloca a linguagem como constituinte do pensamento. Assim, essa tendência vê o ensino da matemática e sua evolução através de símbolos, signos e proposições, as quais podem ser associados com algo conhecido.
Aprender, portanto, significa significar: estabelecer relações possíveis entre fatos/idéias e suas representações (signos). Ao professor é dado o papel de mediador, alguém que já fez essa associação, e assim pode facilitar o aluno a chegar na sua associação própria.

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Aqui mostramos algumas formas de ver e entender o ensino da matemática, e assim, esperamos que você professor, tenha a possibilidade de criar sua própria maneira de trabalhar com essa disciplina, e não somente com ela, e sim com toda uma forma de trabalhar a educação de uma pessoa, pois o que hoje o que o homem pode ter de mais importante é o conhecimento sobre qualquer assunto, e na sociedade em que vivemos a matemática é dita como mediadora entre os que são aptos e os que não são.
É necessário que se faça um estudo, e uma reflexão sobre cada uma dessas tendências, estabelecer elementos negativos e positivos e assim utilizar o resultado de tal estudo em prol do ensino.

Um comentário: